A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) homenageou a atriz, diretora e escritora Denise Stoklos com o título de Cidadã Benemérita do Estado, em reconhecimento aos seus 57 anos de dedicação aos palcos. A honraria celebra sua contribuição singular à cultura, tanto nacional quanto internacionalmente, e sua criação do método teatral inovador, o “Teatro Essencial”. Stoklos, natural de Irati, já se apresentou em 33 países e em sete idiomas diferentes.
A deputada Cristina Silvestri (PP), autora da lei que concedeu a homenagem, destacou a originalidade da artista. “Ela é uma inspiração por ter uma maneira própria de representar, que é característica dela. Pela interpretação, pelos gestos, pela forma como ela faz isso com maestria. Para nós e para toda cultura paranaense, é uma honra”, afirmou Silvestri, enfatizando o impacto de Stoklos na identidade cultural paranaense.
Visivelmente emocionada, Stoklos expressou sua gratidão pela homenagem em sua terra natal. “Ser homenageada no próprio Estado é o que mais conta. A gente pode viajar o mundo, mas o lugar onde a gente nasceu é o que é o mais importante”, declarou a artista, que reside atualmente em São Paulo, mas mantém fortes laços com o Paraná, onde visita familiares e cumpre agenda de espetáculos. Ela retorna a Curitiba em novembro com a peça “Mary Stuart”, no Teatro Guairinha.
A trajetória de Stoklos no teatro teve início durante seus estudos de sociologia na PUC-PR e jornalismo na UFPR. Em 1968, aos 18 anos, ela apresentou sua primeira peça, “Círculo na Lua, Lama na Rua”, no Teatro de Bolso, em Curitiba. “Foi a partir dali que comecei a trabalhar em todas as outras produções”, recorda a artista, marcando o início de uma carreira prolífica.
Ainda no cenário teatral paranaense, Stoklos participou da estreia do Teatro Paiol, em Curitiba, em 1972, com a peça “Arena Conta Tiradentes”. A busca por aprimoramento a levou a Londres, onde se especializou em mímica, e posteriormente à Califórnia, onde criou seu segundo solo, “Elis Regina”. Sua carreira diversificada inclui também uma participação na novela “Ninho da Serpente”, da Rede Bandeirantes.
Além de sua atuação no Brasil, Stoklos conquistou reconhecimento internacional. Em 1987, apresentou “Mary Stuart” em Nova York, onde recebeu convites para outras produções. Em 1993, foi agraciada com o Prêmio da Fundação Guggenheim e publicou o romance “Amanhã será tarde e depois de amanhã nem existe”, posteriormente adaptado para teatro. Em 2000, a Universidade de Nova York a convidou para lecionar seu método teatral, o “Teatro Essencial”.
Defensora do minimalismo no palco, Stoklos define sua abordagem como centralizada no ator. “Gosto de teatro essencial, onde o ator é o centro de tudo. O meu trabalho é o trabalho do ator. Quase não uso elementos cenográficos, nem figurinos, nem nada especial. É um ator sozinho no palco se dirigindo, compondo seu próprio texto, fazendo seus próprios gestos”, conclui a homenageada, celebrando a essência do teatro.