Desenvolvimento de bioinsumo potencializa restauração ecológica no Brasil

Inovação da Embrapa Agrobiologia promete beneficiar 31 espécies florestais em projetos de recuperação

Desenvolvimento de bioinsumo potencializa restauração ecológica no Brasil
Fotos: Eduardo Campello (Voçoroca antes e depois da recuperação e em recuperação)

Inovação da Embrapa Agrobiologia permite recuperação de solos degradados com bioinsumos para 31 espécies florestais.

Bioinsumo como solução para a restauração ecológica

Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia, localizada no Rio de Janeiro, desenvolveram um bioinsumo de amplo espectro, também conhecido como inoculante, que atende a 31 espécies florestais leguminosas. Essa inovação amplia a técnica de recuperação de solos utilizando microrganismos, reconhecida desde a década de 1990, especialmente em áreas severamente degradadas, como as afetadas pela mineração e erosão. O produto, que está na fase final de desenvolvimento, promete fortalecer o mercado de bioinsumos no Brasil, oferecendo uma solução sustentável para a recuperação ambiental.

Vantagens do novo inoculante

A Embrapa isolou mais de 800 estirpes de rizóbio, sendo que duas delas foram selecionadas por sua capacidade de estabelecer simbiose eficiente com 31 espécies florestais. Essa descoberta é crucial, pois elimina uma das principais barreiras à adoção em larga escala dessa técnica: a especificidade entre a bactéria e a planta hospedeira. Segundo Sérgio Faria, pesquisador da Embrapa, “com essas estirpes, conseguiremos eliminar uma das principais barreiras à adoção dessa técnica em larga escala”.

Além disso, essa abordagem possibilita o desenvolvimento de inoculantes multiespécies, que podem atender simultaneamente várias espécies florestais. Isso representa um ganho técnico e econômico, simplificando a logística de produção e aplicação para viveiristas e restauradores.

Impactos na recuperação de ecossistemas

Os inoculantes têm se mostrado eficazes em diversas áreas de recuperação, incluindo áreas de mineração de bauxita e ferro na Amazônia, jazidas de piçarra no Rio Grande do Norte e encostas no Rio de Janeiro. A técnica já foi aplicada com sucesso, com sinais visuais de recuperação aparecendo em cerca de 12 meses, levando a áreas que se tornam florestas jovens em quatro a cinco anos. Estudos mostram que, após uma década, a fauna local retorna e mais de 40 novas espécies vegetais colonizam a área, contribuindo para a biodiversidade.

Desafios da erosão e soluções científicas

O Brasil enfrenta um grande desafio com voçorocas, que são crateras profundas formadas pela erosão acelerada do solo. Um levantamento da Embrapa na bacia do rio Barra Mansa identificou 154 voçorocas, cada uma com média de 2 mil metros quadrados. A recuperação dessas áreas é essencial e, segundo os pesquisadores, a solução é conhecida: manter o solo coberto, reintroduzir vegetação adequada e utilizar espécies capazes de melhorar a estrutura e a fertilidade do solo.

Compromisso com a sustentabilidade

O uso de bioinsumos, como os inoculantes desenvolvidos pela Embrapa, contribui para as metas de sustentabilidade do Brasil, como o Código Florestal e os compromissos do Acordo de Paris. O desenvolvimento dessa tecnologia contou com a colaboração de várias instituições, incluindo o CNPq e a Capes, além de parcerias com empresas como Alcoa e Petrobras. A equipe da Embrapa planeja ampliar os testes com os inoculantes e trabalhar com a indústria de bioinsumos para viabilizar a produção em escala e o treinamento de viveiristas em todo o país.

A ciência e a inovação mostram que é possível reverter as terras degradadas e transformá-las novamente em áreas produtivas e sustentáveis, criando um futuro mais verde para o Brasil.

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