Educação e tráfico: metade dos envolvidos não conclui o ensino médio

Estudo revela que apenas 20% dos entrevistados alcançam a conclusão do ensino médio, refletindo a realidade de muitos no tráfico de drogas.

Educação e tráfico: metade dos envolvidos não conclui o ensino médio
Estudo revela a baixa escolaridade entre envolvidos no tráfico de drogas. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Apenas 20% dos envolvidos com tráfico de drogas concluem o ensino médio, revela pesquisa.

A realidade da escolaridade entre os envolvidos com tráfico de drogas

Um estudo recente realizado pelo Instituto Data Favela, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa), revelou que apenas 20% das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas conseguem concluir o ensino médio. A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira (17), abrangeu quase 4 mil entrevistados, e as entrevistas foram realizadas entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025, em favelas de 23 estados brasileiros.

Baixa escolaridade e suas implicações

A baixa escolaridade é um dos pontos que mais se destacam na pesquisa. Os dados mostram que, além dos 20% que concluíram o ensino médio, 16% têm o ensino médio incompleto, e 35% afirmam ter apenas o ensino fundamental incompleto. A pesquisa também revelou que 41% dos entrevistados lamentam não ter investido mais em educação, indicando uma clara consciência sobre a importância do estudo para suas trajetórias de vida.

As vozes dos entrevistados

Marcus Vinícius Athaye, copresidente do Data Favela, destacou a necessidade de aliar programas de empregabilidade à educação. Ele afirmou que muitos entrevistados reconhecem que a educação poderia ter sido um fator de mudança em suas vidas. A pesquisa também identificou que a maioria dos entrevistados expressa o desejo de ter uma casa, refletindo uma busca por segurança e estabilidade.

Sonhos e aspirações

Entre as aspirações dos envolvidos, o curso de Direito é o mais desejado, com 18% dos entrevistados optando por ele. Outras áreas de interesse incluem Administração (13%) e Medicina/Enfermagem (11%). A pesquisa aponta que a falta de acesso à educação de qualidade está diretamente ligada às dificuldades de inserção no mercado de trabalho, limitando as oportunidades de renda, que muitas vezes não ultrapassam dois salários mínimos.

Estruturas familiares e suas consequências

A pesquisa também revelou dados sobre arranjos familiares, onde 38% dos entrevistados cresceram em lares monoparentais, muitas vezes liderados por mães. Esses dados refletem a importância das estruturas familiares na formação das trajetórias individuais, evidenciando que as mães, avós e tias desempenham papéis fundamentais na vida dos entrevistados.

Saúde mental e seus desafios

Outro aspecto alarmante da pesquisa é a prevalência de problemas de saúde mental entre os entrevistados. A insônia (39%), a ansiedade (33%) e a depressão (19%) são algumas das questões mais citadas. Os dados indicam que a saúde mental das pessoas envolvidas no tráfico é severamente afetada, frequentemente associada à baixa escolaridade e à precariedade econômica.

A falta de orgulho e o desejo de mudança

Quando questionados sobre se sentem orgulho do que fazem, 68% dos entrevistados responderam negativamente, desmistificando a ideia de que muitos se envolvem com o tráfico por escolha. Essa realidade evidencia que a maioria das pessoas se vê forçada a entrar nesse contexto devido à falta de opções e oportunidades.

A luta contra a desigualdade

Bruna Hasclepildes, coordenadora da pesquisa, apontou que a vida no crime é um reflexo da ausência de políticas públicas e da perpetuação das desigualdades sociais no Brasil. Os entrevistados identificaram a pobreza e a desigualdade como os principais problemas do país, destacando a necessidade urgente de ações efetivas para enfrentar esses desafios.

Conclusão

A pesquisa Raio-X da Vida Real traz à tona uma realidade preocupante sobre a educação e o tráfico de drogas no Brasil. A baixa escolaridade e a falta de oportunidades são elementos que perpetuam o ciclo de violência e exclusão social. É fundamental que as políticas públicas se concentrem em oferecer educação de qualidade e alternativas viáveis para essas pessoas, buscando romper com esse ciclo vicioso.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

Fonte: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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