Como a falta de informações impacta as decisões do Fed

(Kena Betancur/Bloomberg) — Foto: Consumidora empurra carrinho em supermercado em Nova Jersey, EUA (Kena Betancur/Bloomberg
O apagão de dados afeta as decisões do Federal Reserve sobre juros e inflação nos EUA.
O impacto do apagão de dados para o Federal Reserve
O apagão de dados nos Estados Unidos, decorrente da mais longa paralisação do governo, tem trazido complicações significativas para o Federal Reserve (Fed). Recentemente, dois relatórios mensais de emprego ficaram comprometidos, e um importante indicador de inflação, o índice de preços ao consumidor (CPI), também corre risco de atraso. Este cenário prejudica a capacidade do Fed em tomar decisões informadas sobre a política monetária, especialmente em relação a cortes de juros.
O Departamento de Estatísticas de Trabalho (BLS) era esperado para divulgar o CPI de outubro na última quinta-feira (6), mas a interrupção na coleta de dados presenciais resultou em um adiamento significativo. A possibilidade de que o BLS não publique o relatório do CPI de outubro é cada vez mais real, o que levanta preocupações entre os formuladores de políticas sobre a trajetória da inflação e do mercado de trabalho. Essa falta de informações oficiais tem o potencial de prolongar o debate sobre a necessidade de um novo corte de juros na reunião do Fed em dezembro.
Desafios na análise de dados e decisões de política monetária
Embora os membros do Fed tenham acesso ao CPI de setembro antes da última reunião, a ausência de um relatório atualizado de empregos complica a avaliação da situação econômica. Com a expectativa de que o governo reabra em breve, os dados que serão divulgados ainda terão que ser compilados a partir de pesquisas retroativas e métodos alternativos. Enquanto isso, embora relatórios do setor privado possam ajudar a preencher algumas lacunas, encontrar alternativas confiáveis para os números oficiais de inflação continua sendo um desafio.
O CPI e sua medida central, que exclui os custos mais voláteis de alimentos e energia, subiram 3% em setembro em relação ao ano anterior, um resultado abaixo do esperado. Medidas alternativas, como o “nowcast” do CPI do Fed de Cleveland, indicam que resultados semelhantes podem ser esperados para outubro. A falta de dados oficiais pode levar os formuladores de políticas a hesitar em suas decisões, especialmente considerando a pressão para um possível corte de juros.
A posição do Federal Reserve diante da incerteza
Após a recente redução da taxa de juros pelo Fed em outubro, o presidente Jerome Powell alertou que um novo corte em dezembro não é garantido. Para os formuladores de políticas que se concentram na aceleração da inflação, a escassez de dados oficiais pode servir como um argumento adicional contra a adoção de medidas mais agressivas no próximo mês.
As expectativas do mercado ainda favorecem uma redução da taxa em dezembro, mas os investidores ficarão atentos às próximas aparições de altos funcionários do Fed, incluindo John Williams e Raphael Bostic. Em entrevista ao Financial Times, Williams, que lidera o Fed de Nova York, destacou que a próxima decisão sobre a taxa é “realmente um ato de equilíbrio”.
Enquanto a inflação permanece elevada e não apresenta sinais de queda, a resiliência da economia dos EUA poderá influenciar a decisão do Fed em um momento de incerteza. A falta de dados concretos adiciona uma camada de complexidade à já delicada situação econômica, tornando a atuação do Fed ainda mais desafiadora. Com um cenário tão volátil, as próximas semanas serão cruciais para a definição das políticas monetárias nos EUA.
Notícia feita com informações do portal: www.infomoney.com.br




