Juros médios atingem 58,4% ao ano e preocupam especialistas

O empréstimo consignado CLT quase triplicou em concessões desde março, com juros médios chegando a 58,4% ao ano em setembro.
Crescimento das concessões de empréstimo consignado CLT
O empréstimo consignado CLT teve um aumento significativo desde o lançamento do programa Crédito ao Trabalhador, em março deste ano. Em setembro, foram registradas 6.399 concessões, quase três vezes mais do que os meses anteriores. Essa modalidade de crédito permite que as parcelas sejam descontadas diretamente da folha de pagamento, oferecendo uma alternativa de acesso à capital para muitos trabalhadores.
Taxa de juros sobe para 58,4% ao ano
Paralelamente ao aumento nas concessões, a taxa média de juros também apresentou um crescimento alarmante. Em março, a taxa estava em 44%, mas em setembro saltou para 58,4%. Esse aumento de 14,4 pontos percentuais preocupa especialistas que alertam para a possibilidade de comprometimento da renda dos trabalhadores. Alguns bancos chegam a cobrar até 185% de juros anuais, o que é um indicativo das disparidades nas taxas oferecidas.
Riscos associados ao crédito consignado
A economista Katherine Hennings, da FGV Ibre, destaca que a facilidade de acesso ao crédito não vem acompanhada da devida orientação sobre os riscos envolvidos. Uma pesquisa da Abefin mostrou que 69% dos entrevistados não calcularam o impacto do empréstimo em seu orçamento mensal. Ademais, 83% não tinham clareza sobre a taxa de juros que estavam pagando, e 47% não sabiam que o FGTS poderia ser utilizado como garantia.
Comparação com outras modalidades de crédito
Embora o juro do consignado CLT seja inferior ao de outras modalidades de crédito, como o crédito não consignado, que alcançou 101,2% ao ano, a taxa ainda representa um ônus elevado para os trabalhadores. O crédito consignado para servidores públicos e beneficiários do INSS apresenta taxas significativamente menores, de 24% ao ano, o que levanta questionamentos sobre a equidade no acesso ao crédito.
O papel do FGTS como garantia
Outro ponto crítico é o uso do FGTS como garantia para os empréstimos. Essa prática pode comprometer a segurança financeira do trabalhador em caso de demissão, já que o fundo, que deveria servir como uma rede de proteção durante períodos de transição, fica atrelado à dívida. Reinaldo Domingos, presidente da Abefin, afirma que essa situação coloca o trabalhador em uma situação vulnerável, especialmente para aqueles que já enfrentam dificuldades financeiras.
Conscientização sobre o uso do crédito
A facilidade de acesso ao crédito consignado pode ser uma faca de dois gumes. Embora ofereça uma alternativa com juros mais baixos, também pode levar os trabalhadores a uma situação de endividamento crônico. Hennings ressalta a importância de que os tomadores de crédito compreendam que o crédito não é uma renda extra, mas sim uma antecipação do salário futuro. Isso significa que um percentual significativo da renda disponível será comprometido com o pagamento das parcelas, impactando outras despesas mensais.
Conclusão
Diante do aumento das concessões e das taxas de juros, é imperativo que os trabalhadores que consideram o empréstimo consignado CLT façam uma análise cuidadosa de suas finanças pessoais. Entender o impacto das parcelas em seu orçamento é fundamental para evitar surpresas desagradáveis no futuro. A educação financeira deve ser uma prioridade para garantir que o acesso ao crédito não se transforme em um pesadelo financeiro.
Fonte: www.infomoney.com.br
Fonte: Reprodução/Ministério do Trabalho e Emprego /Governo Federal



