Estudos e iniciativas revelam o potencial da erva-mate para gerar renda e conservar o meio ambiente

A erva-mate se destaca na conservação da Mata Atlântica e na geração de renda, segundo especialistas.
Erva-mate: uma aliada na conservação da Mata Atlântica
A erva-mate, nativa da Mata Atlântica, ganhou destaque em um painel realizado no último domingo (16) na AgriZone, discutindo seu papel na conservação ambiental e na geração de renda. O engenheiro florestal Jackson Brilhante, da Seapi, apresentou estudos que evidenciam o baixo volume de emissões da cultura, a qual se posiciona como um importante sumidouro de carbono.
Estudos sobre emissões e biodiversidade
Os dados apresentados por Brilhante revelaram que, em sistemas de cultivo sombreados, a erva-mate pode estocar cerca de 80 toneladas de carbono por hectare, considerando uma profundidade de 30 cm. Além de suas funções ecológicas, a erva-mate abriga uma diversidade de microrganismos, com a presença de 595 gêneros de bactérias e 659 espécies de fungos, contribuindo para a biodiversidade do solo. Rodrigo Castro, da Solidaridad Network, destacou a relevância da erva-mate para a captura de carbono e a formação de microclimas favoráveis.
O Pacto pelo Mate e sua importância
Durante o painel, Rodrigo Castro anunciou o Pacto pelo Mate, um programa que visa revitalizar e fortalecer o setor ervateiro. Essa iniciativa pretende conectar mais de 2,5 mil produtores ao mercado de carbono até 2026, promovendo o desenvolvimento territorial rural e a restauração produtiva. Segundo a pesquisadora Josileia Zanatta, a erva-mate é fundamental para a agricultura familiar, com potencial produtivo superior a 20 toneladas por hectare em ervais bem manejados.
Novas possibilidades e usos da erva-mate
A erva-mate não é apenas uma cultura agrícola, mas também uma fonte de novos produtos. Ariana Maia, da Appemat, apresentou inovações como chimarrão, mate gelado e aguardente à base do fruto da erva-mate, ressaltando a importância da bioeconomia nas florestas. Com a meta de obter uma Denominação de Origem (DO) para a erva-mate gaúcha, o esforço busca valorizar as características sensoriais e químicas do produto, que dependem de fatores regionais.
Certificação e sustentabilidade
Mateus Rocha, da Emater/RS-Ascar, comentou sobre a importância da certificação para a erva-mate, que garante padronização e competitividade no mercado. O processo de certificação está ligado a práticas de manejo adequadas, assegurando não apenas a qualidade do produto, mas também benefícios ambientais. A erva-mate, entre os produtos florestais não-madeireiros, está em segundo lugar no PIB nacional, apenas atrás do açaí, mostrando sua relevância econômica.
Conclusão
A erva-mate representa uma oportunidade única de conciliar geração de renda e conservação ambiental na Mata Atlântica. Com iniciativas que promovem seu uso sustentável e a valorização dos produtos, a cultura se reafirma como um ativo importante para a economia do Sul do Brasil. O painel também contou com a presença de especialistas que discutiram a resiliência climática e o futuro da agricultura na região.



