Excesso de soja na China pode prejudicar exportações dos EUA

Aumento de estoques na China limita compras de soja americana, afetando negociações comerciais

Excesso de soja na China pode prejudicar exportações dos EUA
Campo de soja na Bahia. Foto: REUTERS

O excesso de soja na China reduz as perspectivas de exportações dos EUA, afetando o mercado.

Excesso de soja na China impacta exportações dos EUA

Cingapura/Pequim, 6 de outubro — O excesso de soja na China está comprometendo as esperanças de exportação dos EUA. Após meses de importações recordes, as condições atuais do mercado dificultam a continuidade das compras americanas, mesmo após uma trégua comercial entre os dois países. Segundo autoridades em Washington, a China havia prometido comprar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA até o final do ano, além de 25 milhões de toneladas anuais nos próximos três anos.

No entanto, comerciantes e analistas destacam que os vastos estoques nos portos, aliados a margens de esmagamento fracas, limitam o apetite da China por novas aquisições. Johnny Xiang, da AgRadar Consulting, observa que as empresas estatais podem estar esperando por condições de mercado mais favoráveis antes de realizar compras em larga escala. “Mesmo com a isenção de tarifas, as margens continuam negativas e a soja brasileira ainda é mais econômica”, afirma.

Estoques recordes e margens negativas

Os estoques de soja nos portos chineses atingiram um recorde de 10,3 milhões de toneladas em 7 de novembro, representando um aumento de 3,6 milhões de toneladas em relação ao ano anterior. Os processadores mantêm 7,5 milhões de toneladas, o maior volume desde 2017. Os preços do farelo de soja, essencial para a alimentação de suínos, caíram mais de 20% desde o pico de abril, refletindo a pressão sobre os processadores.

Os esmagadores enfrentam perdas significativas, com margens negativas que podem persistir até março. Um trader de uma empresa internacional destacou que “não há muito espaço para a China aumentar as importações de soja devido aos estoques elevados e à lenta demanda do setor de rações”.

Expectativas não correspondidas

As expectativas de que os importadores estatais de grãos, como a Cofco e a Sinograin, retomem rapidamente as compras significativas não se concretizaram até o momento. Apesar de um gesto de boa vontade esperado após as negociações comerciais, a realidade do mercado tem se mostrado adversa. Um funcionário dos EUA comentou: “O governo espera que nossos parceiros comerciais cumpram seus compromissos comerciais”.

Os estoques de soja mantidos por empresas estatais são estimados em 40 a 45 milhões de toneladas, o que é suficiente para cobrir cinco meses da demanda típica do início do ano. Essa quantidade é o dobro das importações chinesas dos EUA no ano anterior.

Competitividade da soja brasileira

Os importadores privados continuam a reservar cargas brasileiras, com preços competitivos em relação à soja americana. A soja brasileira para embarque em janeiro é cotada em cerca de US$ 480 por tonelada, enquanto as cargas dos EUA estão entre US$ 540 e US$ 550 por tonelada. Em dezembro, os importadores chineses já reservaram cerca de 2 milhões de toneladas de soja, cobrindo mais de 40% da demanda projetada.

Diante desse cenário, a perspectiva de grandes compras por parte das empresas estatais ainda parece incerta. A hesitação em realizar compras substanciais pode continuar a impactar as exportações dos EUA e a dinâmica do mercado global de soja.

Fonte: www.infomoney.com.br

Fonte: REUTERS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *