Uma operação policial deflagrada no Rio de Janeiro nesta quarta-feira expôs um esquema que explorava a fé de fiéis através do WhatsApp. Liderado por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, autodenominado ‘profeta Henrique Santini’, o grupo é acusado de cobrar por orações, operando um call center em Niterói.
As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelaram que a central cobrava R$ 24 por cada período de 24 horas de oração “no monte”, prometendo curas e milagres em troca do pagamento. Mensagens enviadas aos fiéis, em nome de Deus, solicitavam o “sacrifício” financeiro para cobrir despesas com gasolina.
O esquema movimentou mais de R$ 3,3 milhões em dois anos, com valores transferidos via Pix variando de R$ 20 a R$ 1,5 mil, dependendo do tipo de oração. Para dificultar o rastreamento, o dinheiro era depositado em contas de terceiros. Funcionários do call center recebiam comissões semanais baseadas no volume arrecadado e eram pressionados a cumprir metas sob pena de demissão.
De acordo com o Ministério Público, muitas vítimas acreditavam estar falando diretamente com Henrique Santini, quando, na verdade, interagiam com funcionários que se passavam por ele, utilizando áudios gravados. A denúncia aponta ainda para o aliciamento de adolescentes para trabalhar no esquema, e que os atendentes contratados não tinham nenhuma formação ou autoridade religiosa.
Em sua defesa, Henrique Santini, que se declara pastor com formação em teologia, alega ser vítima de perseguição religiosa. “Sou surpreendido com um mandado de busca e apreensão e até agora não encontraram nada que pudesse me incriminar”, declarou à TV Globo, afirmando ter colaborado com as investigações. O delegado Luiz Henrique Marques Pereira ressaltou que a liberdade religiosa não ampara fraudes financeiras.
Fonte: http://revistaoeste.com


