Projeto ferroviário enfrenta resistência de comunidades indígenas e ativistas ambientais na conferência climática

Ferrogrão enfrenta críticas de indígenas e ambientalistas na COP30, que alertam sobre riscos de devastação na Amazônia.
Ferrogrão: Projeto polêmico no centro da COP30
Durante a COP30, realizada em Belém do Pará, o projeto ferroviário conhecido como Ferrogrão tem gerado intensas discussões e críticas, especialmente entre comunidades indígenas. O projeto, que liga o Mato Grosso ao Pará, é visto por defensores do agronegócio como uma solução logística essencial para escoar a produção de soja e milho, enquanto os críticos alertam sobre os riscos de devastação ambiental.
Oposição de comunidades indígenas
Os indígenas que protestaram na conferência expressaram suas preocupações sobre os impactos que a Ferrogrão pode ter em suas terras e no meio ambiente. A líder indígena Alessandra Korap, do povo munduruku, enfatizou: “A gente não vai permitir porque é a nossa casa, o nosso rio, a nossa floresta”. Essa afirmação reflete a luta das comunidades para proteger seus direitos e o ecossistema da Amazônia.
Benefícios econômicos ou riscos ambientais?
Os defensores da Ferrogrão, como Elisangela Pereira Lopes, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), argumentam que a ferrovia é crucial para garantir a competitividade do agronegócio brasileiro. Lopes informou que a ferrovia poderia reduzir os custos logísticos das exportações em até 40%, além de diminuir o tráfego rodoviário e as emissões de carbono. Em contrapartida, especialistas como Mariel Nakane, do Instituto Socioambiental (ISA), alertam que o projeto pode impulsionar o desmatamento e a invasão de terras indígenas.
Licenciamento e desafios legais
O processo de licenciamento da Ferrogrão está em fase inicial, conforme comunicado do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, esse processo foi interrompido em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido a preocupações sobre a constitucionalidade das alterações nos limites do Parque Nacional do Jamanxim. Recentemente, o relator do caso, Alexandre de Moraes, permitiu que a análise fosse retomada, mas a audiência ainda está em pausa, aguardando mais deliberações.
A luta continua
Com a atenção do mundo voltada para a COP30, as comunidades indígenas estão determinadas a continuar sua luta contra a Ferrogrão e outros projetos que consideram prejudiciais. Eles exigem a proibição do projeto e a proteção de seus direitos, enfatizando a importância da floresta e dos rios para suas culturas e modos de vida. O desafio agora é equilibrar as necessidades econômicas do Brasil com a preservação do meio ambiente e a proteção das comunidades nativas.
A discussão sobre a Ferrogrão é um microcosmo dos desafios enfrentados na luta contra a mudança climática, onde interesses econômicos e direitos humanos muitas vezes se chocam. As decisões tomadas na COP30 podem ter um impacto duradouro na Amazônia e nas vidas daqueles que dependem dela.
Com informações da AFP

