Financiamento climático prioriza energia e ignora florestas

Relatório revela desproporção nos investimentos climáticos entre energia e preservação florestal

Financiamento climático prioriza energia e ignora florestas
Mapeamento fornece uma linha de base para acompanhar investimentos alinhados a objetivos climáticos. Foto: WANAN YOSSINGKUM/iStock

Investimentos em energia solar crescem, enquanto setor florestal recebe apenas 1% dos recursos climáticos.

Financiamento climático e seu foco na energia solar

O financiamento climático no Brasil, que alcançou US$ 67,8 bilhões entre 2019 e 2023, revela um padrão preocupante: a maioria dos investimentos está concentrada no setor de energia solar, enquanto as florestas, essenciais para a mitigação das mudanças climáticas, recebem apenas uma fração desse montante. Este desvio de recursos foi analisado em um relatório divulgado por Juliano Assunção, diretor-executivo do Climate Policy Initiative/PUC-Rio, durante a COP30.

Crescimento no financiamento de energia

Os investimentos em energia solar aumentaram de US$ 9,5 bilhões para US$ 22,4 bilhões no período, representando a maior parte do financiamento. Por outro lado, o setor de florestas viu seus recursos despencarem de US$ 1,5 bilhão para apenas US$ 254 milhões, correspondendo a apenas 1% do total. Essa discrepância demonstra a subvalorização do papel das florestas na agenda climática.

A necessidade de reavaliar a importância das florestas

“O baixo investimento no setor de florestas revela como o papel delas na agenda do clima ainda é uma oportunidade subaproveitada”, afirma Assunção. Para um avanço eficaz no combate às mudanças climáticas, as florestas devem ser consideradas como ativos essenciais. A necessidade de reavaliar a importância das florestas é crítica, especialmente considerando as metas climáticas estabelecidas globalmente.

Financiamento climático em outros setores

Além da energia, o financiamento também se expandiu na agropecuária e outros usos da terra, que saltou de US$ 14,9 bilhões para US$ 28 bilhões. Essa expansão foi impulsionada por investimentos em práticas agrícolas sustentáveis e crédito rural alinhado ao clima, com fontes domésticas respondendo por 90% do total. A participação de fontes privadas foi significativa, representando mais de dois terços do financiamento total mapeado.

Papéis do governo e do BNDES

O BNDES e o governo federal se destacaram como principais fontes de financiamento público, com o banco desembolsando US$ 7,2 bilhões em 2022 e 2023. Essa relação entre financiamento público e privado sugere um avanço na agenda climática nacional, mas também destaca a falta de apoio internacional, uma vez que muitos recursos têm sido alocados no nível nacional.

Necessidade urgente de adaptação

O relatório aponta que 79% do financiamento é destinado à mitigação, mas apenas 7% vai para ações de adaptação. Em um cenário de crescente risco climático, o investimento em adaptação é alarmantemente baixo. Assunção destaca a necessidade de aumentar os recursos destinados a essa área, especialmente à luz dos desastres naturais que têm afetado o Brasil.

Conclusão

Em meio a um crescimento robusto do financiamento climático, o Brasil enfrenta um desafio significativo: equilibrar os investimentos entre energia e a preservação das florestas. O relatório, que utiliza uma metodologia de mapeamento do Climate Policy Initiative, enfatiza a importância de monitorar esses investimentos para garantir que as florestas não sejam deixadas de lado em um momento em que sua proteção é mais crucial do que nunca. A versão completa do relatório será lançada após a COP30, prometendo trazer mais insights sobre este tema vital.

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