Impacto da renda e cor na conclusão do ensino médio no Brasil

Estudo revela desigualdades persistentes na educação brasileira relacionadas a fatores socioeconômicos e raciais.

Impacto da renda e cor na conclusão do ensino médio no Brasil
Estudo aponta relação entre renda, cor e conclusão do ensino médio. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Pesquisa revela que renda e cor são determinantes na conclusão do ensino médio no Brasil, com desigualdades persistentes.

Renda e cor na conclusão do ensino médio

Estudo realizado pela organização Todos pela Educação revela que, embora a quantidade de estudantes que completam o ensino fundamental e médio no Brasil tenha aumentado, as disparidades relacionadas à renda e cor ainda persistem. A pesquisa, que compara dados de 2015 e 2025, utiliza a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e seu Módulo Educação, do IBGE.

Avanços na conclusão do ensino fundamental

Os dados mostram que no ensino fundamental, a taxa de conclusão entre os 16 anos subiu de 74,7% em 2015 para 88,6% em 2025, um aumento de 13,9 pontos percentuais. No ensino médio, o avanço foi ainda maior, passando de 54,5% para 74,3%, com um incremento de 19,8 pontos percentuais. Manoela Miranda, gerente de Políticas Educacionais da organização, atribui esse progresso a melhorias na formação de professores e a políticas educacionais implementadas nos últimos anos.

Desigualdade entre grupos socioeconômicos

O estudo destaca que a renda é o fator mais impactante na conclusão do ensino médio. A diferença na taxa de conclusão entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos caiu 15,2 pontos percentuais, mas ainda é significativa. Em 2025, a taxa de conclusão entre os pobres era de 60,4%, enquanto entre os ricos era de 94,2%. Essa discrepância sugere que, se mantido o ritmo atual, os jovens mais pobres levarão mais de duas décadas para alcançar as mesmas oportunidades que os mais ricos.

Influência de raça e cor

Embora a renda seja o principal fator, a cor e a raça também desempenham um papel importante. Em 2025, a taxa de conclusão para estudantes brancos e amarelos foi de 81,7%, enquanto para pretos, pardos e indígenas (PPI) foi de 69,5%, uma diferença de 12,2 pontos percentuais. Dentro dos grupos mais pobres, a taxa de conclusão dos homens PPIs é de 78,6%, inferior à média de 86% dos homens não PPI. Para as mulheres, a situação é um pouco diferente, com as PPIs apresentando uma taxa de 86,5%, em comparação a 85,5% das brancas.

Desigualdade regional

A pesquisa também aponta as disparidades regionais, com os maiores avanços nas regiões Norte e Nordeste, onde as taxas de conclusão aumentaram significativamente. No entanto, essas regiões ainda estão atrás do Sudeste e Centro-Oeste, que apresentam taxas de conclusão superiores. Manoela enfatiza a necessidade de políticas que abordem as desigualdades regionais, garantindo que todos os estudantes tenham acesso à educação de qualidade.

Caminhos para a solução

Para mitigar essas desigualdades e garantir a conclusão dos ciclos de ensino, é fundamental implementar políticas de apoio à continuidade dos estudos, como complementação de renda e o ensino integral. A gerente da organização ressalta que a redução da evasão escolar é crucial e que cada estado deve entender suas particularidades para desenvolver ações eficazes. As políticas devem se concentrar tanto nas desigualdades socioeconômicas quanto raciais, garantindo que todos os estudantes tenham a oportunidade de concluir sua educação.

O estudo conclui que, para avançar na inclusão e na redução das disparidades, é necessário um esforço conjunto entre governos, escolas e comunidades.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

Fonte: Antônio Cruz/Agência Brasil

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