Incertezas sobre corte da taxa de juros do Fed em dezembro aumentam

Decisões sobre a política monetária do Federal Reserve enfrentam divisões internas e dados econômicos limitados

Incertezas sobre corte da taxa de juros do Fed em dezembro aumentam
Discussões sobre a taxa de juros se intensificam. Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

Divisões no Federal Reserve crescem à medida que a possibilidade de um corte da taxa de juros em dezembro se torna incerta.

Incertezas sobre a política monetária do Fed em dezembro

SÃO FRANCISCO/DUBLIN — O corte da taxa de juros do Fed em dezembro parece cada vez mais uma incógnita, com formuladores de política monetária do Federal Reserve expressando hesitação diante da inflação persistente e sinais mistos no mercado de trabalho. Após dois cortes nas taxas de juros este ano, a possibilidade de uma nova redução em dezembro agora é considerada inferior a 50%, refletindo a crescente cautela entre os membros do Fed.

A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, que até recentemente era a favor de cortes adicionais, afirmou que ainda não tomou uma decisão final sobre o assunto. “Tenho uma mente aberta, mas ainda não tomei uma decisão final sobre o que penso e estou ansiosa para debater com meus pares”, disse Daly em um evento em Dublin. Essa declaração reforça a incerteza que permeia as discussões sobre a política monetária.

Sinais mistos da economia

Os comentários de Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, também refletem essa incerteza. Ele descreveu os sinais econômicos como “mistos” e expressou preocupações sobre a inflação que se mantém elevada, em torno de 3%. “Alguns setores da economia dos EUA parecem estar indo muito bem, enquanto outros estão sob pressão”, afirmou Kashkari. Os contratos futuros de taxas de juros, que indicam as expectativas do mercado sobre a política do Fed, agora mostram uma chance de 47% de corte na taxa em 10 de dezembro, uma queda em relação a 67% no início da semana.

Hesitação entre os formuladores de política

A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, também manifestou hesitação, afirmando que vê uma “barreira relativamente alta” para novos cortes no curto prazo. Durante uma conferência de banqueiros em Boston, ela ressaltou que, na ausência de evidências de deterioração significativa no mercado de trabalho, seria prudente manter a política monetária estável. Essa posição é corroborada por outros membros do Fed, que expressaram cautela em relação a novos cortes.

Divisões internas no Fed

As declarações de Collins e outros membros indicam divisões crescentes dentro do banco central dos EUA, refletindo a falta de consenso sobre a necessidade de um novo corte na taxa de juros. O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia sinalizado esses desafios recentemente. Ele afirmou que uma nova redução na reunião de dezembro está “longe” de ser garantida, especialmente diante da falta de dados oficiais que poderiam oferecer uma visão mais clara da economia.

A situação torna-se ainda mais complexa à medida que a Casa Branca indicou que os dados sobre a inflação e o mercado de trabalho podem não ser disponibilizados a tempo para a próxima reunião do Fed. Essa incerteza está levando os mercados financeiros a recuar de apostas firmes em um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, tornando o cenário mais nebuloso.

Expectativas futuras e dissidências

Independentemente das decisões que serão tomadas em dezembro, Powell pode enfrentar mais dissidências em relação ao corte da taxa. As preocupações com a inflação elevada e a possibilidade de uma política monetária excessivamente frouxa são pontos de discórdia entre os membros do Fed. O vice-presidente da Evercore ISI, Krishna Guha, destacou que a resistência de Collins a um corte em dezembro aumenta a preocupação sobre a capacidade de Powell de gerenciar as divisões internas dentro do FOMC.

A decisão do Fed em dezembro, portanto, não será apenas uma questão de números, mas também de administrar um ambiente político e econômico complexo, onde as diferenças de opinião podem influenciar significativamente os resultados da política monetária.

Fonte: www.infomoney.com.br

Fonte: REUTERS/Jonathan Ernst

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