Cooperação visa aprofundar estudos e conservação do peixe ameaçado de extinção

O Projeto Meros e o Instituto Butantan firmaram parceria para estudos sobre o peixe mero, ameaçado de extinção.
Início de estudos sobre o mero no Brasil
O Projeto Meros do Brasil e o Instituto Butantan assinaram, nesta segunda-feira (24/11), um termo de cooperação técnico-científica para o desenvolvimento de pesquisas inéditas sobre o mero (Epinephelus itajara), um peixe gigante que pode pesar mais de 400 quilos. Esta iniciativa representa um avanço significativo nas pesquisas sobre espécies marinhas ameaçadas de extinção, utilizando um novo equipamento adquirido pelo Butantan. A cerimônia de lançamento aconteceu no Aquário de São Paulo, que é um parceiro importante do Projeto Meros e abriga o único harém de meros do mundo.
Tecnologia inovadora na coleta de amostras
A nova tecnologia permitirá um método menos invasivo para a coleta de amostras, substituindo a coleta de sangue pela coleta de muco. Segundo o pesquisador Eduardo Sanches, coordenador do Projeto Meros em São Paulo, essa técnica reduz significativamente o manejo necessário, aumentando o bem-estar dos peixes e a segurança dos pesquisadores. “A coleta de muco, que se assemelha a uma raspagem da pele do peixe, pode fornecer informações valiosas sobre a saúde dos meros e ajudar a entender as condições favoráveis para sua reprodução, tanto em cativeiro quanto na natureza.”
Importância da análise hormonal
A análise do muco permitirá identificar hormônios reprodutivos, revelando se o peixe é macho ou fêmea, se está em período reprodutivo e até seu nível de estresse. O pesquisador Leonardo Bueno, coordenador de Integração de Pesquisa do Meros, ressalta que entender esses padrões em ambiente controlado é essencial para correlacioná-los ao comportamento dos meros na natureza, subsidiando futuras medidas de manejo e conservação da espécie.
Parceria de alcance nacional
O termo de cooperação possui abrangência nacional, com análises de amostras coletadas de todos os estados que fazem parte do Projeto Meros do Brasil, que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Essa parceria entre o Instituto Butantan e o Projeto Meros unifica a expertise científica e a experiência no monitoramento e proteção da espécie, ampliando as estratégias de conservação e contribuindo para o conhecimento sobre os desafios enfrentados pelo mero.
A luta contra a extinção do mero
O projeto também permitirá monitorar a exposição dos meros a contaminantes invisíveis nos estuários e avaliar o estresse crônico em populações selvagens. O pesquisador Daniel Carvalho Pimenta, responsável pela coordenação científica do novo centro no Instituto Butantan, afirma que a ciência moderna e a tecnologia analítica são cruciais na luta contra a extinção. “Estamos descobrindo novos fármacos a partir do muco desses animais, agregando valor biomédico à sua preservação.”
O que é o Projeto Meros do Brasil?
O Projeto Meros do Brasil foi criado em 2002, em resposta a preocupações da sociedade civil, incluindo mergulhadores e pescadores, que notaram o desaparecimento dos meros em áreas onde eram comuns. Suas ações se concentram na conservação da biodiversidade marinha, promovendo a pesquisa científica, educação ambiental e comunicação em nove estados brasileiros: Pará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O mero, uma das maiores espécies de peixes ósseos do mundo, está criticamente ameaçado de extinção, sendo encontrado em águas tropicais e subtropicais do Oceano Atlântico. A captura e comercialização do mero são proibidas no Brasil desde 2002, conforme a Portaria MMA Nº 148.




