Interrupção de tratamento médico gera alucinações em Bolsonaro

Médicos suspendem uso de medicamento que pode ter causado surto no ex-presidente

Interrupção de tratamento médico gera alucinações em Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: ex-presidente Jair Bolsonaro

Médicos interrompem uso de medicamento que pode ter causado surto em Jair Bolsonaro, que relatou alucinações.

Os médicos Claudio Birolini e Leandro Echenique, que atendem Jair Bolsonaro (PL), divulgaram um boletim médico após a visita ao ex-presidente, que se encontra preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Segundo o relatório, a saúde de Bolsonaro é estável; no entanto, a equipe decidiu interromper imediatamente o uso do medicamento pregabalina, prescrito sem o consentimento da equipe médica responsável.

Bolsonaro relatou ter experimentado alucinações, e os médicos confirmaram que a pregabalina pode causar esse tipo de efeito colateral, especialmente quando combinada com outros medicamentos que o ex-presidente já estava tomando. O ex-presidente descreveu ter passado por um “surto”, mas garantiu que não tinha intenção de fugir. Durante a audiência, ele mencionou uma “alucinação” em que acreditava que havia uma escuta em um equipamento eletrônico.

Contexto da detenção e saúde de Bolsonaro

Além das alucinações, Bolsonaro mencionou que começou a tomar sertralina, um antidepressivo, cerca de quatro dias antes de sua prisão. Ele acredita que a interação entre a sertralina e a pregabalina pode ter causado os efeitos adversos que está enfrentando, incluindo dificuldades para dormir. A defesa de Bolsonaro também se utilizou dessa argumentação em suas explicações sobre o estado de saúde do ex-presidente.

Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, em uma sala reservada a autoridades, como já aconteceu com Lula e Michel Temer. A decisão do ministro Alexandre de Moraes determinou que o ex-presidente receba atendimento médico contínuo e proíbe o uso de algemas ou exposição pública durante a detenção. As visitas ao ex-presidente devem ser autorizadas pelo STF, exceto as de seus advogados e médicos.

O ex-presidente admitiu ter tentado violar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda na madrugada de sábado (22). A perícia encontrou marcas de calor no dispositivo. Para Moraes, essa tentativa de adulteração, junto ao risco de fuga, justificou a decisão de manter a prisão preventiva, que ainda não significa o início do cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses a que foi condenado em setembro, em um julgamento da Primeira Turma do STF.

Reações à prisão e mobilização de aliados

A defesa de Bolsonaro emitiu uma nota expressando profunda perplexidade em relação à prisão preventiva, que poderia colocar sua vida em risco. Eles argumentaram que a motivação para a prisão, uma vigília convocada por Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio onde o ex-presidente estava, não justificaria tal medida. O PL, partido de Bolsonaro, também classificou a prisão como desnecessária, citando o estado de saúde do ex-mandatário.

A detenção de Bolsonaro provocou uma mobilização significativa entre seus aliados. Michelle Bolsonaro, que estava no Ceará, manifestou a crença de que “querem calar a voz” do marido e pediu orações aos apoiadores. Flávio Bolsonaro falou em perseguições e alegou que “querem enterrar todos os Bolsonaros vivos”. Governadores aliados, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), expressaram apoio, acreditando na inocência do ex-presidente.

No Congresso, parlamentares do PL consideraram a prisão injusta, enquanto líderes governistas defenderam a legalidade da decisão. O presidente Lula evitou comentar extensivamente, mas afirmou que “todo mundo sabe o que Bolsonaro fez”. Dois ministros de Lula, mesmo com a orientação para não se manifestarem, comentaram a prisão nas redes sociais. Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou que a medida está de acordo com o devido processo legal, chamando Bolsonaro de “chefe da organização golpista”. Por sua vez, Guilherme Boulos considerou a prisão um “marco para a história”.

A situação de Bolsonaro continua a gerar debates acalorados e reações intensas de diferentes setores da sociedade, refletindo a polarização política que caracteriza o atual cenário nacional.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *