Entenda as propostas e perfis dos principais concorrentes na corrida presidencial chilena

Candidatos Jeannette Jara e José Antonio Kast disputam a presidência do Chile em 2025, com voto obrigatório.
Candidatos à presidência do Chile: Jeannette Jara e José Antonio Kast
Neste domingo (16), cerca de 15,6 milhões de eleitores estão convocados às urnas para a eleição presidencial no Chile. Com o voto agora obrigatório, a eleição marca um momento histórico para o país, que enfrenta divisões políticas profundas. A candidata Jeannette Jara, da coalizão Unidade por Chile, lidera as pesquisas, mas não tem uma vantagem suficiente para evitar um segundo turno, onde enfrentaria o ultradireitista José Antonio Kast.
Jeannette Jara: uma voz da esquerda
Jeannette Jara, originária de El Cortijo, um bairro carente de Santiago, sempre se destacou por seu ativismo desde jovem. Formada em administração pública e direito, é membro do Partido Comunista desde os 14 anos. Sua trajetória política ganhou força quando atuou como ministra do Trabalho no governo de Gabriel Boric, onde implementou a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas. Jara também propõe uma agenda de segurança e controle migratório mais rígido, um tema que tradicionalmente é associado à direita.
Em seus comícios, Jara tem enfatizado a importância do diálogo e da união entre os chilenos, afirmando que “o Chile é como uma família”. Seu apelo emocional e sua postura aberta têm atraído muitos eleitores, embora sua ligação com a esquerda possa ser vista como uma desvantagem em um eleitorado que ainda se lembra dos traumas da ditadura.
José Antonio Kast: o candidato da direita
José Antonio Kast, por sua vez, representa a extrema-direita chilena. Filho de um ex-soldado nazista e irmão de um ex-ministro da ditadura de Pinochet, Kast fundou o Partido Republicano em 2019. Conhecido por seu estilo austero e sua postura firme contra a criminalidade e a imigração, ele se posiciona como um defensor dos valores tradicionais e da segurança.
Durante sua campanha, Kast tem evitado temas polêmicos como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, focando em promessas de endurecimento das políticas de segurança pública e de expulsão de imigrantes ilegais. Sua imagem é frequentemente associada à repressão e ao militarismo, e ele não hesita em demonstrar sua preferência por métodos de controle rigorosos.
O cenário eleitoral
As últimas pesquisas, antes da interrupção em 2 de novembro, indicavam que, em um possível segundo turno, Kast teria uma vantagem, já que poderia se beneficiar dos votos dos outros candidatos de direita, como Johannes Kaiser e Evelyn Matthei. A eleição deste domingo, portanto, poderá não apenas definir o próximo presidente, mas também refletir a crescente polarização da sociedade chilena.
A importância do voto obrigatório
Com a implementação do voto obrigatório, espera-se que a participação popular atinja níveis sem precedentes, com penalidades para aqueles que não comparecerem. A multa de até 100 dólares (R$ 527) visa incentivar a participação, mas também levanta questões sobre a liberdade do eleitor. O desfecho das urnas pode mudar o rumo do país, que ainda busca se recuperar das profundas divisões e crises dos últimos anos.
Neste contexto, Jara e Kast se apresentam como figuras centrais na definição do futuro político do Chile, cada um representando visões opostas sobre o que o país deve priorizar nos próximos anos.



