Jornada Acadêmica Anti-Agronegócio na UFPel Desencadeia Controvérsia e Investigação

Uma jornada universitária realizada na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) acendeu o debate sobre a utilização de instituições públicas para fins ideológicos, conforme divulgado pela Gazeta do Povo. O evento, que ocorreu no dia 22, promoveu slogans como “Defender a vida, combater o agronegócio”, provocando reações de estudantes e representantes do setor agropecuário. A repercussão gerou notas de repúdio e até acionou órgãos de fiscalização.

A manifestação coincidiu com a abertura da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) e uma aula inaugural para alunos assentados da reforma agrária no curso de Medicina Veterinária. Entidades do agronegócio do Rio Grande do Sul emitiram notas de repúdio, argumentando que o evento ultrapassa a crítica acadêmica e promove hostilidade contra um setor vital para a economia nacional.

Diante da escalada da controvérsia, parlamentares levaram o caso ao Ministério Público Federal, ao Tribunal de Contas da União e à Procuradoria-Geral da República. As autoridades foram acionadas para apurar possíveis discursos de ódio e o uso indevido de espaço público federal para promover uma agenda política específica. A situação levanta questionamentos sobre a neutralidade institucional e o respeito à pluralidade de opiniões.

A reação interna na UFPel também foi intensa. Diretórios estudantis de cursos como Agronomia, Zootecnia e Engenharia Agrícola expressaram publicamente sua insatisfação. O curso de Medicina Veterinária, por sua vez, divulgou nota reforçando a importância do agronegócio para a segurança alimentar e a atuação profissional dos alunos, além de defender a pluralidade dentro do curso.

O diretor da Faculdade de Agronomia, Dirceu Agostinetto, declarou que não foi consultado sobre o evento e que a associação da universidade a uma posição ideológica contra o agronegócio prejudica a imagem institucional. “Isso nos afeta diretamente, porque fazemos muitas aulas práticas e atividades de extensão, então visitamos diferentes tipos de propriedades”, explicou Agostinetto, demonstrando preocupação com o futuro da faculdade.

Em resposta às críticas, os organizadores da jornada afirmam que o termo “agronegócio” se refere a um modelo de produção concentrador de terras, baseado em monoculturas, defensivos agrícolas e impacto ambiental, e não a produtores ou à agricultura em si. A organização também negou qualquer ligação entre o evento e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária.

A reitoria da UFPel, por sua vez, divulgou nota defendendo a atividade e reforçando o compromisso da instituição com a formação crítica e cidadã, além de sua atuação de mais de 20 anos com turmas especiais voltadas a assentados da reforma agrária. “Cumprimos, assim, nossa função social: formar profissionais críticos, capazes de analisar e debater temas relevantes e complexos para a sociedade brasileira”, concluiu a UFPel.

Fonte: http://revistaoeste.com

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