O município enfrenta hoje uma situação financeira delicada, resultado direto de decisões tomadas pela administração anterior. Ao final do mandato, o ex-prefeito deixou aproximadamente R$ 70 milhões em contratos de dívidas de longo prazo, comprometendo severamente a capacidade de investimento da prefeitura pelos próximos anos.
Além do endividamento elevado, outro fator agrava ainda mais o cenário: o déficit gigantesco do Fundo de Previdência Municipal. Por conta de falhas de gestão acumuladas ao longo dos anos, a prefeitura é obrigada a realizar aportes mensais próximos de R$ 1 milhão apenas para cobrir o rombo previdenciário, recursos que deixam de ser aplicados em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.
Somadas, as despesas com o serviço da dívida e a cobertura do déficit previdenciário chegam perto de R$ 3 milhões por mês, um peso que não foi devidamente esclarecido à população durante a gestão passada.
Obras financiadas e fiscalização questionável
Chama atenção o fato de que o ex-prefeito tinha grande preferência por operações de crédito, especialmente para obras de pavimentação asfáltica. As vistorias e fiscalizações dessas obras ficavam sob responsabilidade de um engenheiro de extrema confiança da gestão, o que levanta questionamentos sobre a independência e a rigorosidade do processo fiscalizatório.
O resultado está visível nas ruas: asfaltos com problemas generalizados, apresentando desgaste precoce, falhas estruturais e necessidade de manutenção pouco tempo após a entrega. Situação que reforça dúvidas sobre a qualidade da execução das obras e o efetivo cumprimento dos contratos.
Há ainda indícios de que licitações eram direcionadas a empresas parceiras, com fiscalização leniente, permitindo que irregularidades passassem despercebidas. Esse modelo de gestão teria beneficiado poucos, enquanto deixou para a população uma conta alta e duradoura.
Município poderia ter seguido outro caminho
Especialistas apontam que muitas das obras poderiam ter sido realizadas com recursos a fundo perdido, oriundos de convênios estaduais ou federais, sem a necessidade de endividar o município por décadas. No entanto, a opção política foi outra: ampliar empréstimos, inflar dívidas e comprometer o futuro financeiro da cidade.
Hoje, a atual administração precisa lidar com um cenário herdado de endividamento elevado, déficit previdenciário crônico e obras de baixa qualidade, resultado de escolhas que priorizaram interesses particulares em detrimento do bem coletivo.
A população tem o direito de saber quanto está pagando, por quê e por quanto tempo ainda pagará pelos erros de uma gestão que preferiu o crédito fácil à responsabilidade fiscal.
Mas nas fotos da época, o ex-prefeito pensava mais em estar presente nas praias do litoral catarinense quase que semanalmente do que estar presente acertando as contas do município.

