Lula destaca transição energética e soberania mineral no G20

Presidente brasileiro aborda governança da inteligência artificial e desigualdade global em discurso na Cúpula

Lula destaca transição energética e soberania mineral no G20
Lula durante a Cúpula do G20. Foto: Ricardo Stuckert/PR — Foto: © Ricardo Stuckert/PR

Lula enfatiza a necessidade de mudança no modelo de desenvolvimento durante a Cúpula do G20 na África do Sul.

Lula cobra transição energética na Cúpula do G20

Na Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a necessidade urgente de um modelo de desenvolvimento global que priorize a transição energética. Em dois discursos marcantes, Lula enfatizou que as principais economias do mundo têm uma “responsabilidade histórica” em relação ao clima e à tecnologia, criticando o aumento do protecionismo e apelando por reformas nas estruturas internacionais de poder.

Durante a sessão dedicada ao clima e sistemas alimentares, ele ressaltou que o G20, responsável por 77% das emissões globais, deve liderar iniciativas concretas para interromper o uso de combustíveis fósseis. Lula lembrou a COP30, que ocorrerá no Brasil, como um ponto de partida para discutir a urgência dessa questão. “A semente está plantada e irá frutificar”, disse ele, referindo-se à necessidade de um cronograma para a eliminação progressiva do petróleo e do carvão.

Ações necessárias para enfrentar a crise climática

O presidente sublinhou que a crise climática requer não apenas a adaptação estrutural, mas também a modernização de infraestruturas e políticas sociais que protejam as populações mais vulneráveis. Ele citou a importância do documento “Princípios Voluntários para Investir em Redução de Risco de Desastres”, que argumenta que cada dólar investido em adaptação pode prevenir até quatro dólares em prejuízos.

Na última sessão temática do G20, o Brasil colocou em pauta a governança dos minerais críticos, fundamentais para tecnologias sustentáveis. Lula defendeu que países ricos não devem se apropriar do valor agregado enquanto países ricos concentram a tecnologia. “A soberania não é medida apenas pela quantidade de depósitos naturais, mas pela capacidade de transformar recursos em oportunidades para a população”, afirmou.

Governança da inteligência artificial e desigualdade global

Lula também abordou a necessidade de uma governança global para a inteligência artificial, alertando que o controle de dados e algoritmos por um número limitado de países pode criar um novo tipo de colonialismo digital. Ele destacou que 2,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso à internet, enquanto em países ricos, 93% da população está conectada.

Em sua fala, Lula defendeu que o avanço tecnológico deve estar alinhado com a promoção de trabalho decente, inclusão digital e respeito aos direitos humanos. Na sessão sobre crescimento inclusivo, ele reiterou a necessidade de taxação dos super-ricos e a troca de dívidas de países pobres por investimentos em áreas climáticas e sociais.

Reuniões bilaterais e compromissos futuros

Durante sua participação no G20, Lula teve a oportunidade de se reunir com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que elogiou a COP30 e a participação social na conferência. Ambos discutiram a ampliação das relações comerciais entre Brasil e África do Sul, e Ramaphosa foi convidado para uma visita de Estado ao Brasil em 2026.

Além disso, Lula participou de uma reunião do Fórum IBAS, que reforça a cooperação entre Índia, Brasil e África do Sul. Após o encerramento da Cúpula do G20, ele seguiu para Maputo, Moçambique, em visita de trabalho, celebrando 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

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