O governo Lula intensifica a investida sobre a classe média, um eleitorado crucial onde a gestão atual enfrenta maior resistência. Para reverter esse cenário, o Palácio do Planalto aposta em um pacote de medidas que inclui crédito facilitado, programas habitacionais reformulados e incentivos fiscais. O objetivo é claro: aproximar o governo de uma parcela da população que se sente pouco contemplada pelas políticas públicas existentes.
No centro dessa estratégia está a reformulação do programa habitacional, com a criação de linhas de financiamento para imóveis de até R$ 2,25 milhões, com juros limitados a 12% ao ano, destinados a famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil. Soma-se a isso o “Reforma Casa Brasil”, que injetará R$ 40 bilhões em crédito para reformas residenciais, reservando R$ 10 bilhões para famílias com renda acima de R$ 9.600.
A definição de classe média adotada pelo governo considera a Renda Domiciliar Total, abrangendo salários, aposentadorias e outras fontes de renda. A consultoria Tendências classifica essa faixa em classe C (R$ 3.400 a R$ 8.100) e classe B (R$ 8.100 a R$ 25.200), buscando abranger um público que, segundo o próprio Lula, muitas vezes não encontra amparo nos programas sociais tradicionais.
“Quem ganha até R$ 5.000 não pode ser chamado de classe média. Se a pessoa pagar aluguel e tiver um filho na escola, ela mal praticamente consegue comer”, declarou o presidente ao anunciar a nova linha de crédito habitacional, evidenciando a busca por atender às necessidades específicas desse grupo. Além das medidas já anunciadas, o governo prepara um leque de novas iniciativas.
Entre os destaques, estão o “Crédito do Trabalhador”, um programa de crédito consignado para trabalhadores do setor privado com juros reduzidos, e o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5.000 mensais. Adicionalmente, a nova modalidade do “Minha Casa, Minha Vida” visa famílias com renda de até R$ 12.000, e o “Agora Tem Especialistas” busca reduzir as filas no SUS através do credenciamento de clínicas privadas. Há ainda estudos para oferecer crédito subsidiado para motociclistas de aplicativos, um público de renda média-baixa com acesso limitado ao sistema financeiro tradicional.