Manutenção da Selic em 15% preocupa setor produtivo

Impactos da taxa elevada geram reações entre diversas categorias

Manutenção da Selic em 15% preocupa setor produtivo
Foto: CompreRural

A manutenção da Selic em 15% ao ano gera preocupação entre indústrias, comércio e sindicatos, destacando os impactos na economia.

Em 7 de outubro de 2023, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa Selic em 15% ao ano gerou reações entre representantes da indústria, do comércio, da construção civil e do movimento sindical. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que o elevado nível de juros sufoca a atividade econômica e isola o Brasil no cenário internacional, onde muitos países já iniciaram ciclos de redução.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que a continuidade de uma política monetária “excessivamente contracionista” é prejudicial ao país. “A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho e o bem-estar da população”, afirmou Alban.

Números e indicadores do caso

Uma pesquisa da CNI mostra que 80% das empresas industriais apontam os juros como o principal obstáculo ao crédito de curto prazo, enquanto 71% consideram a taxa o maior entrave ao financiamento de longo prazo. O setor da construção também demonstra preocupação, com Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirmando que a Selic elevada encarece o crédito imobiliário e inibe novos projetos. Em outubro, a CBIC reduziu a projeção de crescimento do setor em 2025 de 2,3% para 1,3%, devido aos impactos do ciclo prolongado de juros altos.

Críticas das centrais sindicais

Centrais sindicais criticaram a decisão. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) afirmou que cada ponto percentual de aumento da Selic eleva em cerca de R$ 50 bilhões os gastos públicos com juros da dívida. Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, destacou que quase R$ 1 trilhão é desviado para o rentismo, que poderia ser investido em saúde, educação e infraestrutura.
A Força Sindical também se manifestou, classificando o cenário como “era dos juros extorsivos” e afirmando que a política do Banco Central compromete o consumo e a renda das famílias.

Visão do setor de supermercados

O setor de supermercados também expressou preocupações. A Associação Paulista de Supermercados (APAS) afirmou que o Brasil está na contramão do restante do planeta, que reduz juros. Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS, ressaltou que o país possui a segunda maior taxa real de juros do mundo, prejudicando investimentos e o consumo das famílias.

Considerações finais

Embora reconheça que os juros estão altos, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) acredita que a política monetária responde a outros desafios. O economista Ulisses Ruiz de Gamboa afirmou que a manutenção da Selic reflete um cenário de inflação ainda acima da meta, apesar da desaceleração da atividade econômica. “Esse quadro, somado à expansão fiscal e às incertezas externas, justifica uma postura monetária cautelosa”, concluiu.

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