Mais de 1.000 bovinos morreram repentinamente, levantando preocupações sobre manejo nutricional e vacinação

Surto de morte súbita em confinamento no Centro-Oeste resulta na morte de mais de 1.000 bovinos, levantando preocupações sobre a nutrição adequada.
Crise de mortalidade em confinamento bovino no Centro-Oeste
Em um dos episódios mais preocupantes da pecuária brasileira, mais de 1.000 bovinos Nelore morreram subitamente em um confinamento do Centro-Oeste. Este caso, que ilustra a grave questão da “morte súbita em confinamento”, foi relatado pelo professor e veterinário Enrico Ortolani. Ele destacou a urgência em revisar práticas nutricionais e de manejo nos sistemas intensivos.
Descrição do surto e suas causas
Os bovinos afetados estavam em excelente condição corporal, com um ganho médio de 1,7 kg por dia, indicando um desempenho normal para a fase de confinamento. No entanto, as mortes começaram de forma isolada, mas rapidamente se espalharam. A maioria dos animais foi encontrada morta, de lado, com sinais de distensão abdominal, sugerindo problemas intestinais.
Na análise post-mortem, Ortolani constatou que os intestinos dos bovinos apresentavam inflamações e acúmulo de gases, característicos de enterotoxemia causada pelo Clostridium perfringens. O estudo apontou que o confinamento havia elevado o teor de amido na ração para 49%, uma quantidade excessiva que favorece a rápida fermentação e proliferação bacteriana.
Medidas corretivas adotadas
Diante do quadro crítico, o confinamento implementou rapidamente duas ações: a redução do teor de amido para 40% e a aplicação de uma vacina que protege contra o tipo A de Clostridium perfringens. Essas medidas resultaram em uma queda acentuada na mortalidade, demonstrando que a identificação correta do problema foi crucial.
Importância da nutrição e vacinação adequada
Ortolani enfatiza que a enterotoxemia tipo A pode ser devastadora, com evolução rápida e letalidade alta, especialmente em bovinos que consomem grandes volumes de ração. Ele alerta que a maioria das vacinas disponíveis no mercado não é eficaz contra este tipo, o que representa um risco significativo para o setor.
A frequência crescente de casos de morte súbita em confinamentos que intensificam o uso de concentrados energéticos exige uma revisão rigorosa das práticas nutricionais e de manejo.
Conclusão e recomendações para o setor
A crise de mortalidade em bovinos no Centro-Oeste é um chamado à ação para nutricionistas, veterinários e pecuaristas. O manejo nutricional deve ser preciso e adaptado às necessidades dos animais. Ajustes abruptos na dieta podem ter consequências desastrosas, e a vacinação deve ser revista para garantir proteção ampla contra todos os tipos patogênicos. A indústria e as autoridades precisam agir rapidamente para adaptar as formulações vacinais à nova realidade da pecuária brasileira e prevenir futuros surtos de mortalidade.


