Reflexões sobre a superficialidade do discurso público
O discurso vazio de figuras públicas no The Town revela a superficialidade do debate atual.
Um discurso, mais vazio que o camarim depois do show, que não acrescenta nada ao debate público. O que me irrita profundamente é ver o “nepo baby” do Junior, devidamente fantasiado de “nepo brother”, subir no palco do The Town para repetir um jargão que nem sequer compreende: “sem anistia”.
É a caricatura perfeita da elite mimada brasileira: aquele tipo de herdeiro que transforma o berço de ouro em palanque ideológico, enquanto a plateia aplaude como se assistisse a um ato de coragem.
Coragem seria encarar a vida sem sobrenome, sem apadrinhamento, sem a certeza de sempre ter a rede pronta para aparar a queda. Mas isso não vende, não dá ibope, não lacra. E, para piorar, ele não está sozinho nesse coro desafinado.
Nando Reis, Anitta e outros que adoram posar de arautos da justiça gritam o mesmo slogan, “sem anistia”, sem ao menos saber — ou se importar — quantos presos políticos estão mofando em celas brasileiras por crimes que jamais existiram. Gente que apenas ousou vestir uma camiseta verde e amarela ou erguer uma bandeira nacional, como se isso fosse mais subversivo que a apologia às drogas em letras de funk ou o esbanjamento de verbas públicas em turnês internacionais. A ignorância travestida de engajamento é o maior espetáculo.
Enquanto isso, o Junior, alienado de si e do país, prefere se esconder atrás de frases de efeito que lhe rendem manchetes fáceis. Não percebe que seu discurso, mais vazio que o camarim depois do show, não acrescenta nada ao debate público.
Mas talvez esse seja o destino inevitável de quem nunca precisou provar talento para ter palco: repetir slogans até a garganta arranhar, fingindo relevância, enquanto a vida real — aquela que exige coragem, sacrifício e lucidez — continua acontecendo longe das luzes que ele tanto idolatra.
