A recente videoconferência entre os presidentes Lula da Silva e Donald Trump sinaliza uma busca por manter canais de comunicação abertos entre Brasil e Estados Unidos, mesmo diante de tensões comerciais. O encontro, que durou cerca de 30 minutos e foi qualificado como ‘positivo’ pelo governo brasileiro, contou com a participação de ministros importantes como Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Mauro Vieira.
No entanto, a escolha de Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, como interlocutor direto nas negociações com o Brasil tem gerado preocupação. Analistas e diplomatas apontam para a postura crítica de Rubio em relação a governos de esquerda na América Latina, incluindo o próprio Lula. Sua trajetória política é marcada por um forte anticomunismo, influenciado pela história de sua família, que migrou de Cuba após a ascensão de Fidel Castro.
Observadores alertam que a nomeação de Rubio pode representar um obstáculo para as negociações bilaterais ou, no mínimo, gerar desconfiança quanto à objetividade do canal diplomático. “O nome de Rubio pode representar um entrave às tratativas ou, ao menos, gerar desconfiança quanto à efetividade de um canal técnico e diplomático”, ponderou um analista.
Apesar das incertezas, alguns acreditam que a escolha de Rubio demonstra o poder de Trump e a possibilidade de que o secretário alinhe seu discurso à estratégia presidencial, caso haja um real interesse em avançar nas negociações com o Brasil. A presença de ministros brasileiros na reunião também é vista como uma forma de mitigar possíveis mal-entendidos e de atenuar a tensão provocada pelo aumento de tarifas sobre produtos brasileiros.
O Itamaraty mantém a expectativa de que o diálogo continue sendo a melhor forma de resolver o impasse, apesar das dúvidas sobre a postura da diplomacia americana sob a liderança de Rubio. O governo brasileiro espera que as conversas evoluam e resultem em soluções práticas para normalizar as relações bilaterais e neutralizar os efeitos da instabilidade gerada pelas medidas recentes.