Nova análise revela causas do declínio na Ilha de Páscoa

Estudo contesta a teoria do ecocídio e aponta clima como fator central

Nova análise revela causas do declínio na Ilha de Páscoa
Imagem de Rapa Nui. Foto: NATHAPON PANGJAI/Shutterstock

Pesquisa recente desafia a narrativa tradicional sobre a Ilha de Páscoa, apontando a seca como principal fator do declínio da civilização.

Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, em 8 de outubro de 2023, desafia a narrativa tradicional sobre o declínio da civilização da Ilha de Páscoa (Rapa Nui). A pesquisa, liderada por Redmond Stein do Observatório da Terra Lamont-Doherty, revela que uma seca prolongada que durou séculos – e não um “ecocídio” causado por gestão ambiental inadequada – teria sido o fator crucial para transformar a sociedade local a partir de aproximadamente 1550.

Análise dos dados de precipitação

Os pesquisadores analisaram sedimentos de duas fontes de água doce da ilha – Rano Aroi e Rano Kao – reconstruindo um registro de 800 anos de padrões de chuva através da composição isotópica de ceras foliares preservadas. Os dados mostram uma redução significativa na precipitação anual, que se manteve baixa por mais de um século. Stein afirma que “não há evidências robustas de um colapso demográfico anterior à chegada dos europeus”, questionando a visão tradicional que atribui o declínio da civilização exclusivamente ao desmatamento.

Transformações sociais na Rapa Nui

A seca coincidiu com transformações profundas na sociedade Rapanui, incluindo:

  • Declínio na construção de plataformas cerimoniais “ahu”;
  • Surgimento do lago Rano Kao como importante local ritual;
  • Advento do “Tangata Manu”, nova hierarquia social baseada em competições atléticas.

Conclusão e implicações

Os resultados evidenciam que a história de Rapa Nui é mais complexa do que se pensava e que o clima fornece um contexto crucial para entender as adaptações humanas na ilha, com uma estimativa de diminuição prolongada da precipitação de aproximadamente 600 a 800 mm por ano em relação aos três séculos anteriores.

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