Onda Milei: Mercados Argentinos em Festa Após Vitória Eleitoral Ultraliberal

A vitória expressiva de Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato na Argentina deflagrou uma onda de otimismo nos mercados nesta segunda-feira (27). A Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou um salto significativo, impulsionado pela expectativa de aprofundamento das políticas econômicas ultraliberais propostas pelo presidente. Paralelamente, o peso argentino experimentou uma valorização notável, sinalizando uma mudança no humor dos investidores.

A euforia nos mercados reflete a preferência dos investidores pelas políticas econômicas de Milei em comparação com as alternativas propostas pela oposição peronista, segundo o economista Martín Kalos. A perspectiva de superávit para honrar os compromissos da dívida pública também contribui para o otimismo em relação aos títulos argentinos. A Argentina enfrenta vencimentos significativos nos próximos meses, incluindo US$ 4 bilhões em janeiro e US$ 4,5 bilhões em junho, referentes a um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A vitória de Milei elimina o cenário de uma desvalorização descontrolada da moeda, permitindo ao governo corrigir as variáveis econômicas de forma mais gradual e ordenada, avalia Kalos. O economista Fausto Spotorno complementa que a instabilidade política anterior representava um risco para a sustentabilidade do plano econômico, o que desencadeou uma reação positiva e intensa dos mercados após o resultado eleitoral.

No volátil mercado financeiro, as ações de empresas argentinas negociadas em Nova York (ADRs) registraram valorizações expressivas, chegando a 50% durante o pregão, recuperando-se de perdas anteriores. Nas casas de câmbio de Buenos Aires, o dólar, tradicional refúgio de valor para os argentinos, apresentou uma queda de até 9% em relação à sexta-feira, aliviando os temores de uma desvalorização acentuada.

Contudo, nem todos celebram a queda do dólar. Fernando Román, metalúrgico da região industrial de Buenos Aires, expressou preocupação com o impacto negativo sobre a indústria local. “Um dólar tão barato quebra a indústria”, alertou, referindo-se à competição com produtos importados e ao potencial para demissões e recessão econômica. Em contrapartida, o comerciante Marcelo Figueroa vislumbra a possibilidade de redução das taxas de juros, o que poderia beneficiar o financiamento de sua empresa têxtil.

Javier Milei, em declarações ao canal A24, afirmou que “ontem começou uma nova Argentina”. Ele expressou confiança de que a renovação do Congresso, a partir de dezembro, facilitará a implementação de reformas, apesar de seu partido não deter a maioria. O presidente enfatizou a necessidade de buscar acordos para realizar as mudanças prometidas durante a campanha eleitoral. Contudo, o economista Pablo Tigani adverte que o apoio popular pode diminuir à medida que as reformas, como as trabalhista e previdenciária, forem implementadas, gerando protestos sociais diante de possíveis cortes de aposentadorias, queda de salários e recessão.

A vitória eleitoral pode abrir caminho para a liberação de US$ 40 bilhões dos Estados Unidos, condicionados pelo ex-presidente Donald Trump ao triunfo de seu aliado Milei. Após os resultados, Trump parabenizou o argentino pelo “trabalho maravilhoso”. Resta saber, segundo o cientista político Iván Schuliaquer, se o triunfo eleitoral impulsionará o governo e se o modelo econômico se sustentará, evitando um colapso que poderia ser evitado pelo apoio financeiro americano.

Fonte: http://jovempan.com.br

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