Pará é o maior emissor de metano por uso de lenha, aponta IEMA

Estudo revela que a falta de acesso à energia elétrica impulsiona as emissões de metano no estado

Pará é o maior emissor de metano por uso de lenha, aponta IEMA
Foto: GovSP

Estudo do IEMA indica que o Pará lidera as emissões de metano devido ao uso de lenha na cozinha.

Emissões de metano no Pará: um alerta social

O Pará se destaca como o maior emissor per capita de metano no Brasil, principalmente devido ao uso de lenha e carvão para cocção. Esta informação foi revelada por Felipe Barcellos e Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), durante a Conferência das Partes (COP30) sobre mudanças climáticas da ONU, realizada no dia 19 de setembro. Segundo o pesquisador, essa dependência da lenha para cozinhar é um indicativo de pobreza, uma vez que muitas pessoas não têm acesso a energia elétrica para utilizar fogões a gás.

Realidade das emissões no Brasil

Embora o setor de energia seja, em geral, o principal responsável pelas emissões de metano globalmente, essa realidade é diferente no Brasil. Barcellos e Silva explica que, enquanto no mundo o setor energético é o maior emissor, no Brasil, a mudança de uso da terra se torna o principal fator. A pecuária bovina, por exemplo, é identificada como a maior fonte de emissões de metano no país, colocando o Mato Grosso na liderança desse ranking.

Impacto das emissões domésticas

Apesar disso, o IEMA alerta para a crescente importância do setor energético, especialmente no que tange às emissões de metano. Este gás, embora represente apenas 3,5% das emissões totais do setor de energia no Brasil, pode ser reduzido rapidamente. As principais fontes de emissão estão relacionadas a vazamentos na cadeia de óleo e gás e ao uso de fogões à lenha e carvão nas residências. Essa situação é especialmente preocupante em regiões mais pobres, onde a dependência de biomassa para cozinha é mais acentuada.

Risco do ozônio troposférico

Além das questões de emissão de metano, Barcellos e Silva também ressalta o risco da formação de ozônio troposférico, um gás tóxico que se forma quando o metano interage com a luz solar e outros compostos químicos. Em localidades com refinarias, como Paulínia (SP), os níveis de ozônio frequentemente ultrapassam os limites recomendados pela ONU. Ele conclui que a melhor maneira de reduzir as emissões de metano é interromper o uso de combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, aumentar o acesso à energia limpa para a população.

Acesso à energia elétrica no Pará

Vale ressaltar que, segundo o IEMA, o Pará é o estado da Amazônia Legal com o maior número de pessoas sem acesso a energia elétrica pública, com cerca de 410 mil habitantes nessa situação. Além disso, o estado lidera o ranking dos estabelecimentos produtivos extrativistas sem energia elétrica, com quase 29 mil unidades sem esse recurso essencial. Essa realidade exige atenção urgente para que se possa almejar uma transição energética justa e eficaz, alinhando a redução das emissões com a melhoria da qualidade de vida da população.

Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira.

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