O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, solicitou nesta terça-feira a condenação dos sete réus do chamado Núcleo 4, acusados de envolvimento na trama golpista que visava manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições. Durante sua exposição, Gonet detalhou a denúncia, argumentando que o grupo orquestrou uma “guerra informacional” com o objetivo de pavimentar o caminho para um golpe de Estado.
“Foram os integrantes deste núcleo, agora em julgamento, que se dedicaram a fabricar e a disseminar narrativas falseadas, no intuito de incutir na população a convicção de que a estrutura democrática estava se voltando, sordidamente, contra o povo”, afirmou Gonet, destacando a gravidade das acusações.
De acordo com o PGR, a alegada “guerra” foi travada de dentro da estrutura governamental. Gonet apresentou evidências da existência de uma suposta “Abin paralela”, que teria utilizado a Agência Brasileira de Inteligência para monitorar opositores políticos. O objetivo, segundo ele, era fornecer material para disseminadores de notícias falsas, inicialmente atacando o sistema eleitoral e, posteriormente, difamando autoridades.
Entre os alvos das campanhas difamatórias, estiveram ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, por se recusarem a aderir aos planos golpistas, segundo Gonet. Ele também relatou a produção de um relatório falso sobre as urnas eletrônicas, com informações tecnicamente inverídicas, que teria sido usado para questionar o resultado das eleições de 2022 e inflamar a militância bolsonarista.
Os réus do Núcleo 4 são Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicoli, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques de Almeida, Reginaldo Vieira de Abreu, Marcelo Araújo Bormevet e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha. Eles são acusados de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
As defesas dos réus argumentam que a PGR não individualizou as condutas nem apresentou provas concretas, baseando-se em indícios e suposições. O julgamento teve início nesta terça-feira, com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes e a manifestação de Gonet. As defesas dos acusados serão apresentadas ao longo da sessão.
O julgamento foi dividido em quatro núcleos, com o ex-presidente Jair Bolsonaro já condenado como líder da organização criminosa. Os julgamentos dos Núcleos 2 e 3 estão previstos para novembro e dezembro. Segundo o PGR, “os réus propagaram sistematicamente notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades”.
Fonte: http://jovempan.com.br