Queda nas vendas do comércio em setembro evidencia desafios econômicos

Crédito elevado e endividamento impactam negativamente as vendas no varejo nacional

Queda nas vendas do comércio em setembro evidencia desafios econômicos
Queda nas vendas do comércio em setembro. Foto: Ricardo Moraes

As vendas no comércio caíram 0,3% em setembro, refletindo um cenário econômico desafiador.

Queda nas vendas do comércio em setembro reflete desafios econômicos

As vendas no comércio brasileiro caíram 0,3% em setembro, em comparação ao mês anterior, um reflexo claro de um cenário econômico desafiador. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados pelo IBGE, essa queda se deu em meio a um crédito caro e a uma geração de empregos aquém do necessário.

Esse resultado negativo foi observado em seis dos oito setores monitorados, o que indica uma fraqueza disseminada no varejo. O economista Rafael Perez, do Suno Research, destaca que esta é a quinta queda registrada em seis meses, frustrando as expectativas do mercado que previa um crescimento de 0,3% para o setor.

Na comparação trimestral, o recuo foi de 0,4% no terceiro trimestre de 2025, e de 1,5% no acumulado do ano, bem abaixo do crescimento de 4,2% observado no mesmo período de 2024. Para Leonardo Costa, economista do ASA, o consumo de bens apresenta uma leve queda, corroborando a ideia de que o crédito caro e o arrefecimento do mercado de trabalho estão impactando negativamente as vendas.

Setores mais afetados pela queda das vendas

Seis das oito atividades pesquisadas mostraram queda, com destaque para os segmentos de livros, jornais e papelaria (-1,6%), tecidos, vestuário e calçados (-1,2%), e combustíveis (-0,9%). Além disso, o setor de móveis e eletrodomésticos também caiu 0,5%, enquanto supermercados registraram uma redução de 0,2%. Apenas o setor farmacêutico (+1,3%) e artigos de uso pessoal e doméstico (+0,5%) mostraram desempenho positivo, refletindo uma demanda crescente por medicamentos e itens essenciais.

A análise de Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, aponta que a média móvel trimestral negativa de -0,1% reforça a moderação do consumo das famílias. A presença de fatores como a alta das taxas de juros e o aumento do endividamento têm dificultado a propensão a compras de maior valor, como bens duráveis.

A situação regional e o impacto do crédito

Regionalmente, a situação também se mostrou complicada, com 15 dos 27 estados apresentando queda nas vendas do varejo restrito, destacando-se São Paulo e partes do Sul. Enquanto isso, estados do Norte e Nordeste tiveram resultados mais variados, mas sem alterar o diagnóstico geral de fraqueza no setor.

Perez observa que segmentos que dependem do crédito, como veículos e materiais de construção, continuam pressionados pelas altas taxas de juros. Em contrapartida, setores que estão mais ligados à renda, como supermercados e produtos farmacêuticos, têm se mostrado mais resilientes, impulsionados por um mercado de trabalho relativamente aquecido.

Perspectivas futuras para o varejo

Apesar dos desafios, a percepção é de que o varejo pode encontrar algum alívio até o final do ano, devido a fatores como a resiliência do mercado de trabalho e as festas de fim de ano. Contudo, a expectativa é de que o setor continue enfrentando um ambiente desafiador nos próximos meses, com vendas moderadas e limitadas pelo enfraquecimento do consumo das famílias.

A avaliação do C6 Bank indica que a economia brasileira deve crescer menos em 2025 em comparação a 2024. Essa desaceleração é atribuída ao impacto das taxas de juros elevadas nos investimentos e no consumo. Em resumo, a análise aponta que, mesmo com uma expectativa de crescimento do PIB, os desafios enfrentados pelo varejo são significativos e devem ser monitorados de perto.

Fonte: www.infomoney.com.br

Fonte: Ricardo Moraes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *