Enquanto o governo de Javier Milei celebra os avanços econômicos na Argentina, nem todos compartilham do otimismo. A estabilização da inflação e o superávit orçamentário contrastam com a realidade de muitos argentinos, que enfrentam dificuldades para suprir necessidades básicas. Christian Bialogurski, professor de comunicação, exemplifica essa situação, trabalhando longas jornadas para garantir o sustento.
“Não é suficiente. Não me sobra dinheiro até o dia 15 do mês. Às vezes peço comida à minha mãe”, relata Bialogurski, ilustrando a dura realidade enfrentada por muitos. Os cortes nos gastos públicos, prioridade do governo Milei, impactaram diretamente áreas como educação, infraestrutura e aposentadorias, gerando insatisfação e protestos.
Embora os salários no setor privado tenham apresentado um ligeiro crescimento real, a situação no setor público é mais crítica. A consultoria CTA Autónoma aponta uma queda de mais de 15% nos salários dos servidores públicos desde a posse de Milei. A contadora Julieta Battaglia, do setor privado, reconhece uma melhora na previsibilidade dos preços, mas ressalta que os salários ainda são insuficientes.
Apesar da melhora nos índices de desemprego, o aumento do trabalho informal preocupa especialistas. Roxana Maurizio, pesquisadora do Conicet, alerta que, para muitos, ter um emprego não garante a saída da pobreza, já que os trabalhadores informais ganham significativamente menos que os formais. Essa precarização do mercado de trabalho contribui para a queda no consumo e o aumento da agitação social.
Austeridade e cortes drásticos nas áreas sociais têm gerado forte oposição. Aposentados como Ricardo Bouche, que sobrevive com uma pensão insuficiente para comprar remédios ou alimentos básicos, engrossam os protestos contra as políticas de Milei. “Minha pensão é de 270.000 pesos (US$251). Não é suficiente para comprar carne ou pagar os serviços públicos”, lamenta Bouche, ilustrando o lado mais amargo do ajuste fiscal.
Fonte: http://www.infomoney.com.br