Um pessimismo crescente paira sobre o futuro do Brasil, impulsionado pela falta de coesão social e pela desconfiança generalizada. A ausência de um movimento popular robusto para a mudança agrava o cenário, abrindo espaço para a atuação de forças que desestabilizam, corrompem e destroem os pilares da sociedade.
Em uma democracia saudável, discordâncias são esperadas, mas a evolução nacional exige um mínimo de concordância sobre valores fundamentais, instituições e regras de convivência. Uma sociedade fragmentada e em constante desavença dificilmente encontrará a coesão necessária para o progresso. Essa coesão, crucial para o avanço, não pode ser imposta pelo Estado ou por ideologias, mas sim cultivada através da confiança mútua.
A importância da confiança social foi destacada por Adam Smith em “Teoria dos Sentimentos Morais”, que enfatiza a empatia como força unificadora. Alain Peyrefitte, em “A Sociedade da Confiança”, vai além, argumentando que o progresso das nações está intrinsecamente ligado ao estabelecimento de padrões estáveis de confiança pública e privada.
Max Weber também reconheceu o poder da confiança, observando que a união moral em torno de princípios básicos e instituições é crucial para o desenvolvimento integral de um país. Peyrefitte demonstra que o surgimento de padrões estáveis de confiança pública e privada impulsiona o progresso, gerando um ciclo virtuoso de cooperação.
A confiança promove estabilidade, o que por sua vez, incentiva investimentos e trocas, resultando em crescimento e fortalecendo ainda mais a confiança. Estados que garantem o cumprimento das leis, evitam o abuso de poder e oferecem previsibilidade nas regras promovem um ambiente propício para a construção da confiança. Indivíduos, empresas e instituições não estatais podem desenvolver seus objetivos com base em regras claras, permitindo uma maior previsibilidade em seus investimentos, não apenas financeiros, mas também pessoais e sociais.
No entanto, no Brasil contemporâneo, a desconfiança se instalou, minando qualquer senso de unidade em torno de princípios e regras. A defesa da liberdade de expressão e o funcionamento técnico das instituições são constantemente ameaçados por interesses políticos. “O Brasil trilha hoje o roteiro de republiquetas, voltando à política de cangaço, um coronelismo soft com aportes de bilionários e ideólogos”, lamenta o autor.
Sem uma cultura de união em torno de valores essenciais, o país se torna vulnerável a agentes e grupos que se aproveitam da situação, criando um terreno fértil para o surgimento de regimes autoritários. A fragmentação social e a ausência de coesão impedem o Brasil de alcançar prosperidade e ordem, transformando a sociedade em um “cativeiro enfeitado de democracia funcional”.
Fonte: http://revistaoeste.com