A notícia de um jovem ativista baleado, defensor de causas importantes e um entusiasta do debate público, chegou-me em meio a um evento na Câmara de Vereadores de Sorocaba. A princípio, soava como mais um incidente isolado, mas a realidade se revelou muito mais sombria e alarmante. Charlie Kirk, figura conhecida por promover o diálogo aberto e desafiar opiniões, foi assassinado durante um evento na Utah Valley University, um ato que ecoa como um ataque direto à própria essência da democracia.
O assassinato de Kirk transcende uma tragédia pessoal; é um golpe no coração do debate democrático. Diferente de políticos protegidos, Kirk se dispunha a sentar em um campus e convidar ao contraditório, um ato de coragem em um mundo cada vez mais polarizado. Sua abordagem era a “democracia” em sua forma mais pura: crua, desprotegida e vulnerável.
Essa vulnerabilidade, infelizmente, tornou-se seu ponto fraco, o alvo do ódio intolerante. A transformação do espaço de diálogo em zona de risco eleva drasticamente o custo da livre expressão. Jovens talentos podem se retrair, universidades hesitam em promover eventos, e a sociedade como um todo perde a riqueza da argumentação aberta e diversificada.
A violência política, especialmente contra figuras à direita do espectro ideológico, assombra as democracias das Américas. Jair Bolsonaro, Donald Trump, Fernando Villavicencio e Miguel Uribe Turbay são exemplos de como a hostilidade e a violência se intensificaram. Quando a supressão de opiniões se torna sistemática, a democracia enfrenta um perigo mortal.
O efeito desses atos é devastador: a autocensura se alastra, auditórios se transformam em bunkers, e vozes dissonantes são silenciadas antes mesmo de se pronunciarem. O medo passa a ditar o discurso público e o mercado de ideias, sufocando a diversidade e a inovação. Como defender a liberdade acadêmica se não conseguimos proteger aqueles que a exercem?
A resposta a essa ameaça reside na coragem individual e coletiva de enfrentar a tirania que busca silenciar a dissidência. É preciso reconhecer que, muitas vezes, essa tirania emana de uma esquerda que perdeu a valorização do contraditório. Não é preciso concordar com tudo que Kirk defendia para honrar sua postura: humildade, moderação, abertura ao diálogo e paciência para ouvir o opositor.
Embora a violência política não tenha um monopólio ideológico, como demonstra o atentado contra Cristina Kirchner, é crucial reconhecer padrões. Ignorar a concentração desproporcional da violência em um segmento do debate público é uma forma de cumplicidade. A morte de Charlie Kirk marca um ponto de inflexão, uma mudança permanente na forma como percebemos e defendemos a liberdade de expressão.
Quando uma bala silencia uma voz discordante, não apenas uma vida é ceifada, mas o próprio debate público é ameaçado. A escolha é clara: ou reabrimos o espaço para o argumento, com coragem, reciprocidade e a proteção da lei, ou viveremos em um país onde apenas a voz dominante é ouvida. Charlie Kirk acreditava no poder da razão sobre a força das armas. Sua morte não será em vão se mantivermos essa crença viva e ousarmos pegar o microfone.
Fonte: http://revistaoeste.com