Em decisão amplamente antecipada pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, levando-a para 14,75% ao ano. No entanto, a comunicação do Banco Central (BC) apresentou nuances que sugerem uma postura mais cautelosa, reacendendo o debate sobre se este pode ser o último aumento do ciclo de aperto monetário.
Analistas divergem sobre o futuro da Selic. Caio Megale, economista-chefe da XP, argumenta que a inflação ainda elevada e a atividade econômica aquecida justificam a manutenção de uma política monetária restritiva por um período prolongado. “O BC fez como o Fed tinha feito um pouco mais cedo, deixando claro que o atual grau de incerteza demanda uma maior dose de cautela”, afirmou Megale.
Por outro lado, Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, interpreta a suavização do discurso do Copom como um indício de que o ciclo de alta está próximo do fim. Ele destaca a ausência de sinalização sobre a próxima reunião e a percepção de riscos mais equilibrados para a inflação como fatores cruciais nessa análise.
A mudança na avaliação de riscos, com a inclusão de fatores que podem levar a uma inflação mais baixa, também foi ressaltada por Leonardo Costa, economista do ASA. “Comunicado neutro e levemente ‘dove’. Apostamos em encerramento de ciclo nessa reunião, sem altas adicionais ao longo do ano e Selic terminal em 14,75%”, estimou.
Contudo, o cenário permanece incerto. Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, classificou a decisão como um “dovish hike”, ou seja, um aumento com tom mais flexível, deixando a porta aberta para ajustes residuais futuros. A decisão final, portanto, dependerá da análise dos dados e da evolução do cenário econômico nas próximas semanas.
Fonte: http://www.infomoney.com.br