A recente elevação da taxa Selic para 14,75% colocou o Brasil em destaque no cenário financeiro global. O país ascendeu para a terceira posição no ranking dos maiores juros reais do mundo, conforme levantamento da MoneYou e Lev Intelligence, elaborado pelo economista-chefe Jason Vieira. Essa taxa, que reflete a diferença entre os juros praticados e a inflação, impacta diretamente as decisões de investimento e o custo do crédito no país.
Com um juro real de 8,65%, o Brasil fica atrás apenas da Turquia (10,47%) e da Rússia (9,17%). No entanto, supera economias como África do Sul (6,61%) e Colômbia (4,68%). O ranking, que avalia os 40 países mais relevantes no mercado de renda fixa, revela uma média geral de juros de 1,60%, demonstrando o quão destoante é a realidade brasileira.
Jason Vieira, responsável pelo estudo, destaca a influência de fatores externos na economia brasileira. “A guerra comercial deflagrada pelos EUA ‘tirou o peso do dólar'”, afirma o economista, referindo-se à desvalorização da moeda americana frente às políticas protecionistas implementadas. Esse cenário contribuiu para evitar uma maior pressão inflacionária de câmbio, apesar do forte fluxo de saída de capitais do Brasil e da descompressão nos preços de commodities.
Entretanto, Vieira ressalta que as incertezas inflacionárias internas persistem. “O cenário de incertezas inflacionárias locais continua, em especial com a questão fiscal criando tensão no contexto local, além do item alimentação ainda relevante em termos de preços no curto prazo”, pondera o economista. A situação fiscal do país e os custos dos alimentos permanecem como pontos de atenção para a economia brasileira.
Curiosamente, o Brasil ocupava a quarta posição no ranking em março, com juros reais de 8,79% ao ano. Em janeiro, o país liderava a lista, com 9,18% ao ano. Apesar das flutuações, a análise do economista indica que, mesmo com diferentes cenários para a Selic, o Brasil se manteria entre os países com os juros mais altos globalmente.
O levantamento também aponta para uma desaceleração no aperto monetário global. De acordo com Vieira, apenas uma pequena parcela dos países aumentou suas taxas de juros recentemente. “Apenas 6% dos países no mundo subiram juros, sendo o contexto majoritário de manutenção das taxas, porém, cortes ganharam força recentemente”, conclui o economista, indicando uma mudança no cenário econômico internacional.
Fonte: http://www.infomoney.com.br